Exposição “Ouro e Arte” convida para uma visita ao artesanal e delicado universo das joias
Desde as mais remotas civilizações, joias ritualizam conquistas e alegrias. Símbolo de uma época, seus mecanismos sociais e sua produção cultural, toda joia conta uma história sobre estética e moda, afeto e festa, sobre uma sociedade e seus códigos. Mais que amuletos ou adornos, são depoimentos de um povo. E o Recife sempre falou muito alto para o resto do país e do mundo, confirmando uma autêntica e diversificada produção local.
Entre grandes designers de joias que a cidade já produziu, uma vem se destacando há 15 anos, representando e apresentando a capital pernambucana ao mundo: Cris Lemos, sensibilidade, originalidade e criatividade à frente da CiS Joias, que tem feito de colares, anéis e brincos verdadeiras obras de arte, símbolos de uma gente e de um lugar.
Para celebrar estes primeiros 15 anos de uma confecção ao mesmo tempo delicada e forte, clássica e contemporânea, o Recife recebe a exposição “Ouro e Arte”, que será inaugurada dia 7 de novembro, na Galeria Janete Costa, Parque Dona Lindu, em temporada até 22 do mesmo mês, com acesso gratuito. O projeto resgata histórias, referências e influências artísticas e estéticas que pautam a artesanal e orgulhosamente manufaturada linha de produção da CiS. Na noite de abertura, também será lançado o livro “Ouro e Arte” sobre a trajetória de Cris Lemos e suas coleções, escrito pela jornalista Flávia de Gusmão, uma das maiores referências do jornalismo cultural e do comportamento local.
Com expografia de Ana Maria Pedrosa e Luiz Dubeux, que assina também a curadoria e a produção, a exposição contará com joias em mostruários e relicários, convocando a um passeio por todas as etapas da sua criação, do desenho à confecção, do projeto gráfico até o produto final. Um chamado a percorrer as linhas de produção e do tempo, os bastidores da marca que já lançou mais de mil modelos de joias em 50 coleções – sendo 90% da produção feita a mão, por ourives. “Cada joia é única. Digo que são miniesculturas tamanha a delicadeza, sensibilidade e precisão para fazê-las”, comenta a empreendedora-artista, que largou o curso de Direito para estudar Design de Produto pela Universidade Federal de Pernambuco e se especializar no ramo das joias de luxo, numa bem-sucedida trajetória.
Em sintonia com as peças concebidas pela joalheria e promovendo o diálogo com a profícua produção artística pernambucana, oito artistas da terra terão expostas obras como quadros, fotografias e figurinos. São eles José Patrício, Carlos Pragana, Melk Z-Da, Romero de Andrade Lima, Gabriel Petribú, Eduardo Gaudêncio, Andréa Tom e Renato Bezerra de Mello.
“Todas essas pessoas me inspiraram e seguem me inspirando a criar. Algumas delas, como Andréa Tom, estão criando uma obra especialmente para a exposição. Outros representam o começo de tudo, como Renato Bezerra de Mello e seu quadro feito a partir de uma foto minha criança, pulando corda. É uma obra muito especial, porque foi na infância, em casa, que aprendi a vivenciar a arte e a cultura do lugar onde vivo”, relata Cris, que já foi buscar inspiração para desenhar suas coleções no Movimento Armorial, nas esculturas de Brennand, assim como em paisagens e culturas diversas, como nas mulheres do povo Kayan, da tribo Padong, na Tailândia, ou nos tradicionais leques da cidade espanhola de Sevilha. “Criamos joias contemporâneas, sem regionalismos, mas celebrando nossa identidade. É justamente essa natureza autêntica que consegue assegurar a uma obra, seja ela uma pintura ou um brinco, o caráter universal.”
O livro “Ouro e Arte” (em pré-venda por R$ 195 neste link) conta essa história. Na verdade, todas as histórias que resultaram na marca e que resultam dela. Escrita pela jornalista Flávia de Gusmão com design de Gisela Abad, a publicação comemorativa, com tiragem limitada, tem 144 páginas ricamente ilustradas com imagens de todas as coleções já lançadas pela joalheria, que inventa um jeito contemporâneo pernambucano de expressar beleza no mundo e é também inventada por ele.
Herança artística – Conhecimento sobre arte, Cris tem de sobra. E de berço. Filha dos advogados Alexandre e Luiza Lemos, ela cresceu sendo estimulada a consumir todo tipo de manifestação artística, do teatro à dança, da literatura ao cinema. Mas é a música que embala suas mais fundas e familiares comoções na arte. Além de advogado, seu pai, exímio pianista, é fundador e maestro de uma das mais representativas orquestras do Estado, a Bravo. “Minhas maiores referências artísticas, eu aprendi em casa”, diz a designer pernambucana, para quem conceito é matéria-prima tão importante quanto os metais preciosos e pedras com as quais produz as joias do selo que criou e do qual é diretora criativa.
A originalidade de materiais e referências é um compromisso inegociável, assegura Cris, que mantém em produção joias de todas as linhas que já lançou.
“Alguns produtos, por mais antigos que sejam, nunca deixam de ser demandados. É o caso do Espírito Santo que criei para a coleção Módulos, desenhada a partir de semicírculos, quando eu ainda estava na faculdade, e que segue sendo uma das nossas peças mais vendidas – e copiadas! – até hoje.”
Com três lojas na cidade (shoppings Recife, RioMar e Plaza) e uma em Brasília, a CiS visa a expansão pelo Brasil, como relata a designer, que se orgulha de espalhar a produção artística para o país e, não seria exagero dizer, para o mundo todo. “A CiS virou um símbolo recifense. Já recebi vários relatos de clientes que, em suas viagens pelo país ou para o exterior, reconhecem outras recifenses pelos colares, brincos e anéis de nossas coleções mais célebres. Sempre me emociono com esses depoimentos.”