Galo da Madrugada irá homenagear Reginaldo Rossi no Carnaval de 2024
O maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada, já se prepara para o carnaval 2024 e traz novidades pra folião e “bregueiro” nenhum botarem defeito. É que, para o seu 45º desfile, no dia 10 de fevereiro do próximo ano, a agremiação irá homenagear o consagrado “rei da música brega” Reginaldo Rossi. O cantor recifense, que completaria, se estivesse vivo, 80 anos em 2023, terá sua vida e obra homenageadas tanto nas alegorias quanto nos cerca de 30 trios elétricos que irão compor o espetáculo do Sábado de Zé Pereira, sob o tema “Reginaldo Rossi no Reinado do Frevo”.
“Reginaldo é um verdadeiro ícone, que não apenas ajudou a popularizar e consagrar o ritmo do brega em todo o Brasil como, também, sempre buscou cantar as belezas e as riquezas do nosso Recife, sua terra natal. É, de fato, um verdadeiro rei que merece todas as homenagens, também, do frevo, majestade do carnaval pernambucano”, explica Rômulo Meneses, presidente do Galo, que promete “batizar” cada trio elétrico com o nome de uma música de Rossi.
Roberto Rossi, filho de Reginaldo, garante que, se estivesse vivo, o rei da música brega
seria só gratidão pelo reconhecimento e homenagem vindos do maior bloco do mundo. “Meu pai era fã da nossa cultura, da diversidade cultural de Pernambuco. E ele bebeu muito dela, fã de Gonzaga, dos bregas contemporâneos a ele e dos que surgiram muito por sua influência. Não é à toa que papai foi declarado Patrono do Brega e a data do seu aniversário, 14 de fevereiro – tradicional mês do carnaval – , virou o Dia da Música Brega no Recife”, pontua Roberto.
INTERCÂMBIO CULTURAL
A agremiação, considerada como o maior bloco do planeta pelo Guinness Book – o Livro dos Recordes – desde 1994 e, que, no carnaval deste ano, bateu o seu próprio recorde de público e reuniu mais de 2,5 milhões de foliões nas ruas do Centro do Recife, promete, ano que vem, manter o título mundial e saudar, num mesmo espetáculo, o frevo e o brega pernambucanos, duas das maiores expressões culturais do Estado. “Temos uma pluralidade imensa de expressões artísticas, mas, sem dúvidas, essas duas estão entre as que mais levam nossa identidade a outras partes do Brasil e do mundo, através dos artistas que, ao longo dos anos, têm surgido e ajudado a perpetuar esse legado deixado por mestres como Capiba, Nelson Ferreira e, no caso do brega, o próprio Reginaldo Rossi”, acrescenta Meneses.
Para isso, o Galo pretende tornar ainda mais forte o intercâmbio cultural que já tem promovido nos últimos anos, unindo, na homenagem a Rossi, artistas do cenário musical do brega e do frevo. “Já provamos, por muitas vezes, que é possível, sim, misturar diferentes ritmos e expressões numa só festa, além do que essa é uma das grandes marcas e peculiaridades do carnaval pernambucano, a multiculturalidade. Um exemplo disso é a iniciativa do Maestro Forró, quando inclui a música ‘Tô Doidão’, de Reginaldo Rossi, no seu repertório de carnaval”, pontua Rômulo. “Será um belo espetáculo à altura da grandeza do Rei Reginaldo Rossi. E quem ganha com tudo isso é o folião e a cultura pernambucana”, finaliza.
Fundado em 1978, com o intuito de trazer de volta às ruas do Recife as tradições do carnaval de rua – então escasso naquela época -, o Galo da Madrugada já homenageou, ao longo dos seus 45 anos de existência e 44 desfiles, personalidades pernambucanas como Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna, Carlos Fernando, Chico Science, Alceu Valença / Jota Michiles, J. Borges, Enéas Freire – idealizador e fundador do bloco-, Ary Nóbrega, Claudionor Germano, entre outros.
Vida e Obra de Rossi no desfile
Para a homenagem ao eterno “rei do brega”, o Galo promete mostrar um Reginaldo Rossi plural, tal como foram suas obras e vida artística. Das “dores de cotovelo” ao amor e às relações humanas com força e intensidade únicas. “Queremos trazer, para o desfile, toda a referência do brega através da mistura de cores e de toda uma estética que represente tanto a alegria, quanto, claro, alguns dos maiores sucessos eternizados por ele”, adianta Sandro Nóbrega, cenógrafo responsável pelas alegorias do Galo. Clássicos como “A Raposa e as Uvas” e “Garçon” são alguns dos hits que têm tudo para serem lembrados no desfile, de acordo com Sandro, que também trabalhou por duas décadas e meia como empresário do “rei”.
Outra referência que também deve estar presente no espetáculo é a paixão e a reverência que Rossi sempre fazia ao Recife, sua terra natal. “Ele, que tanto divulgou a sua terra, que tanto amou o Recife e que a chamava de ‘a minha cidade, o meu lugar’. Aqui, é onde ele sempre se sentiu em casa”, confirma Roberto. “Ele amava o Nordeste, sobretudo, o Recife. Em todo lugar do Brasil e do mundo em que
fazia shows, sempre exaltava a capital pernambucana. Por isso, é imprescindível que também exploremos características marcantes da nossa cidade, como as pontes e os casarios, em alguma das alegorias, mas, por enquanto, ainda é surpresa”, completa Sandro.
O homenageado
Nascido na capital pernambucana – mais precisamente, no bairro dos Coelhos -, em 14 de fevereiro de 1943, Rossi iniciou sua carreira artística ainda na década de 1960, como vocalista de uma banda de rock, “The Silver Jets” – sediada na Ilha do Leite, no Recife. Antes, chegou a cursar quatro anos de Engenharia Civil e foi professor de física e matemática. Porém, a paixão pela música, influenciada pelos ídolos Elvis Presley e Beatles, acabou falando mais alto.
Em 1966, lança o seu primeiro disco solo, com destaque para o hit “O Pão”. A partir da década seguinte, o estilo roqueiro foi dando, aos poucos, lugar a um gênero musical mais popular / romântico – batizado, posteriormente, de “brega”. Daí por diante, foi um sucesso após o outro: “ Tô Doidão”, “Mon Amour meu Bem ma Femme”, “Pedaço de Mau Caminho”, “Desterro”, “Deixa de Banca”, “Em plena Lua de Mel”, “A Raposa e as Uvas” “Recife, minha Cidade”, “Itamaracá” e dezenas de outros.
O primeiro disco de ouro veio em 1980, com o álbum “A Volta”, que vendeu 100.000 cópias. Nessa época, Rossi já era sucesso em várias partes do Brasil, em especial, nas regiões Norte e Nordeste. O maior hit veio em 1987 “Garçon”, que lhe rendeu 2 milhões de discos vendidos. “Ele compôs essa música a pedido de um amigo que era dono de uma gravadora e queria ‘estourar’. Só que a letra não agradou e acabou sendo devolvida. Rossi, então, decidiu gravá-la e resultou nesse estouro”, lembra Sandro Nóbrega. A consagração absoluta do “rei” no eixo Sul-Sudeste veio no final da década de 1990, quando o cantor era presença constante em programas de TV nacionais e assinou parcerias musicais com diversos cantores de renome.
Gravou, ao todo, 23 LP’s, oito CD’s e dois DVD’s, que lhe renderam 14 discos de ouro, dois de platina e um duplo de diamante. Seu último trabalho, “Cabaret do Rossi”, ganhou o prêmio de Melhor Álbum de Canção Popular no Prêmio da Música Brasileira de 2011. Reginaldo Rossi faleceu em 20 de dezembro de 2013, aos 70 anos, em decorrência de um câncer no pulmão. Em outubro de 2020, foi declarado “Patrono do Brega” pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.