Janeiro de Grandes Espetáculos oferece um banquete de arte e cultura em sua 30ª edição
Janeiro chegará confirmando-se alta estação para as artes cênicas em Pernambuco. Tradição que completará três décadas em 2024, o Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Teatro, Dança, Circo e Música de Pernambuco subirá aos palcos do estado, entre os dias 9 e 31 de janeiro, abrindo a programação cultural do ano com uma diversificada e fiel amostra da produção teatral local, nacional e de fora do país, em 91 espetáculos e mais de cem apresentações.
Como ‘um banquete de arte e cultura’, modo que se define nesta balzaquiana edição, o festival anuncia 42 montagens dedicadas ao público adulto e 12 infantis, para formar as plateias do futuro. O respeitável público pernambucano também contará com sete espetáculos de circo, dez de dança e 20 shows musicais. No total, são 11 obras de outros estados e cinco internacionais. A programação está disponível no site festivaljge.com.br. Os ingressos, já à venda na plataforma Sympla, têm valores que variam de R$ 15 a R$ 80 – algumas ações são gratuitas.
“O Janeiro de Grandes Espetáculos é um instrumento democrático, agregador, eclético, plural e político, formador e transformador. Por tudo isso, pretendemos fazer desta edição uma grande comemoração. Para se manter em cartaz por três décadas, um festival nascido em Pernambuco, independente e forte, como o Janeiro, exige muito trabalho, dedicação, paixão e muitos outros ingredientes, numa mistura temperada com cuidado e perseverança para que a cultura viva, sobreviva e se reinvente”, celebra Paulo de Castro, produtor-geral do evento e presidente da Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco), realizadora do JGE.
Homenageando neste festivo capítulo a cirandeira e patrimônio vivo pernambucano Lia de Itamaracá (categoria Música), a atriz Fabiana Karla (Teatro), Benjamin da Silva, o Palhaço Casquinha (Circo), e a passista Zenaide Bezerra (Dança), o Janeiro terá a honra de apresentar grandes espetáculos de todos eles. Além do Recife, a maratona cênica alcançará as cidades de Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Goiana, Serra Talhada, Limoeiro e Petrolina.
Na capital pernambucana, a programação irá se espalhar por vários teatros: Santa Isabel, Parque, Luiz Mendonça, Apolo, Hermilo Borba Filho, Capiba, Marco Camarotti, Barreto Júnior, Boa Vista e Caixa Cultural. E contemplará, além dos espetáculos, oficinas, lançamentos de livro e leituras dramatizadas. A grade teve parte das atrações selecionadas por edital, avaliada por uma comissão formada por Albemar Araújo, Williams Santanna, Sandra Rino e Kelly Rosa e pelos gerentes de Programação, Paulo de Castro e Paulo de Pontes.
Teatro
Sob o sol aberto do Janeiro, irão se apresentar 11 espetáculos nacionais, muitos inéditos na cidade, de várias cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Brasília e Porto Alegre. A peça que abre o evento, o premiado “Retratos Imorais”, solo do baiano João Guisande, com texto de Ronaldo Correia de Brito, será encenado dia 9, no Teatro de Santa Isabel, já confirmando, na largada, o Recife e o festival como vitrines importantes do teatro brasileiro. Outras montagens nacionais apresentadas durante a programação serão: “Cúmplices” (Salvador/Recife), “Babilônia Tropical: A Nostalgia do Açúcar” (São Paulo), “Histórias de Lua e Sol” (Guarabira – PB), “Formigas Bebem Absinto no Armazém do Caos” (João Pessoa), “Agreste” (João Pessoa), “Noite de Mistério” (São Paulo), “Isto Também Passará, Antes que Eu Morra” (Brasília), “Novos Velhos Corpos 50+”, de Porto Alegre e “Uma Noite em Ritmo Quente” (Fortaleza), as duas últimas na categoria Dança. “Nessa Mesa de Bar” (Rio de Janeiro), uma homenagem a Reginaldo Rossi, leva aos palcos a homenageada do JGE Fabiana Karla e Leandro da Mata.
O teatro do mundo também terá cadeira e palco cativos nesta trigésima edição. Cinco países serão representados e apresentados ao Recife pelas montagens “Cartas d’Abril” (Portugal), “Tranquilli!!!” (Itália), “Ária” (Portugal), “Sertão do Mar” (França) e “Violinista Europeu Tocando Músicas Europeias e Brasileiras” (Eslováquia), esta de Música.
Reafirmando seu compromisso, mantido ao longo dos últimos 30 anos, de abrir as cortinas da cidade para uma amostra plural e generosa da produção cênica contemporânea, com deliberada ênfase no teatro feito em Pernambuco, esta edição comemorativa contará com várias estreias locais, como “Ânim@ – Do Pão ao Pão” (Anexo Bando de Teatro), “E se Anne Frank…” (Teatro do Amanhã) e “Marginalha” (Coletivo Grão Comum). Também reapresenta espetáculos que já fizeram parte de programação nos últimos anos, como “Pedras, Flor e Espinho”, “Um Minuto para Dizer que Te Amo”, “As Bruxas de Salém”, “Sibila – O Mistério das Coisas”, “Santo Genet e as Flores da Argélia”, entre muitas outras montagens que ajudam a contar a história do maior e mais longevo festival teatral independente da cidade, considerado um dos mais importantes do país.
Dança, circo, música e infantis
Marcadores incontestes do Janeiro de Grandes Espetáculos, a quantidade e a diversidade de espetáculos, temáticas, propostas e linguagens artísticas são reiteradas em 2024. A programação musical contará com shows de celebradas atrações da cidade, de hoje e de outros carnavais, como o grupo Forró na Caixa e a cantora Dalva Torres, que apresentarão novos shows, além de abrir espaço para as sonoridades que ecoam Pernambuco adentro, recebendo espetáculos como o “Cordel Operístico Lua Alegria”, da cidade de Tabira. Do Sertão ao litoral, o festival celebrará também o Manguebeat, importante movimento musical recifense, que completou 30 anos em 2022, fazendo brotar novas sonoridades das raízes culturais pernambucanas, com o espetáculo “Mangue Alive”, estreia de Gilmar Bola 8 e Combo X.
Lia de Itamaracá, Karynna Spinelli, Geraldo Maia, além de Maciel Salu e Lucas dos Prazeres, dupla que dividirá o palco em “Abaeté – Uma Celebração Afro-Indígena”, também estão entre as atrações que espalharão seus acordes e refrões Janeiro afora, todos com novos espetáculos.
Em dança, destacam-se o III Festival de Pole Dance de Pernambuco e a montagem “Berlim”, estreia do bailarino Dielson Pessoa. Em circo, vem aí “Cabaré Janeiro de Palhaças”, espetáculo de variedades circenses que reúne dez palhaças em divertidos números ciceroneados pela mestre (da falta) de cerimônia Mary En.
Entre as 12 montagens infantis, serão apresentados grandes sucessos para pequenos espectadores, como “Os Saltimbancos”, “Aladdin – O Musical”, “Alice no País das Maravilhas”, “Seu Sol Dona Lua”, “O Dia em que a Morte Sambou” e “As Aventuras de Simba”.
Leituras, oficinas e lançamentos
Uma novidade desta 30ª edição será o Ciclo de Leituras Dramatizadas, que promoverá o encontro de célebres autores e atores com os mais variados cenários recifenses. Serão sete leituras ao longo do festival.
No Centro de Artesanato de Pernambuco, serão apresentadas “Passe em Casa”, de João Luiz Vieira, com direção de Suzana Costa; “O Amor das Sombras (Noite e Perdição)”, de Ronaldo Correia de Brito; “Evocação do Poeta Maior ou Bandeira no Banco dos Réus”, com direção de José Mário Austregésilo e “A Menina que Vende Flores”, texto e direção de Manoel Constantino. No Teatro Arraial, acontecerão as leituras “Senhora dos Afogados”, de Nelson Rodrigues; “Medi(u)nicas, com texto e direção de Jan de Oliveira, e “Zoológico”, texto e direção de Albemar Araújo.
Na intenção de legar futuro à produção cênica da cidade de tantos talentos e elencos para lá de celebrados, serão oferecidas ainda atividades formativas, como as oficinas Commedia Dell’arte, com Surya Mariella; Teatros da Memória: do Documentário à Autoficção, com Raíza Rameh; Identidade Cômica do Corpo, com André Casaca; e Experiências Suspensas – Introdução e Experimentação da Técnica da Suspensão Capilar, com Alan Sencades e Jéssica Lane. As inscrições iniciam, em breve, no site do festival.
Além de formação, informação. O 30º Janeiro ocupará não só os palcos, mas as estantes da cidade, com o lançamento de publicações como “Mapeamento de Mulheres Palhaças, Cômicas e Circenses de Pernambuco”, de Enne Marx, e “Caleidoscópio”, de Moisés Neto, sobre José Francisco Filho. Tem ainda o e-book sobre a história dos 30 anos do festival, disponível para download no site do evento.
Prêmio Copergás
Em reconhecimento aos fazedores de cultura da cidade, o festival vai assegurar, afora passarela, pódio para os artistas cênicos, com a realização do Prêmio Copergás 30º Janeiro de Grandes Espetáculos. Serão contemplados 25 profissionais, sendo cinco destaques em cinco categorias: Teatro Adulto, Teatro Infantil, Dança, Circo e Música. Os destaques na categoria de Melhor Espetáculo (de teatro, de dança, de circo e de música) receberão premiação em dinheiro.
Homenageados
Neste capítulo do festival, os homenageados serão Lia de Itamaracá, Fabiana Karla, Benjamin da Silva (o Palhaço Casquinha), e Zenaide Bezerra. O Janeiro fará ainda três menções honrosas, como forma de reconhecimento aos artistas que contribuem com as artes cênicas de Pernambuco: ao jornalista, ator, diretor, dramaturgo e produtor Manoel Constantino, por seus 50 anos dedicados ao teatro; à Cia Fiandeiros de Teatro, pelos 20 anos de tantas histórias e aplausos; e Mônica Lira, do Grupo Experimental, pelas três décadas em movimento com a dança.
Lia de Itamaracá – Música. Nascida Maria Madalena Correia do Nascimento, na cidade de Itamaracá, em 1944, Lia é cantora, compositora e cirandeira. Declarada Patrimônio Vivo do estado de Pernambuco, é reconhecida por sua atuação como divulgadora da ciranda no Brasil e no exterior.
Fabiana Karla – Teatro. Atriz desde os 14 anos, Fabiana Karla começou sua carreira no Recife, realizando espetáculos amadores. De lá para cá, nunca mais desceu dos palcos nem saiu da frente das câmeras. Com indisfarçável vocação para o humor, já fez diversos trabalhos na TV Globo, onde consagrou bordões como “Isso não te pertence mais”, “Desenrola, carretel” e “Isso pode”. Fez mais de dez filmes, coleciona sucessos no teatro e chegou a estrear como escritora em 2013, quando lançou seu primeiro livro infantil, “O Rapto do Galo”.
Benjamin da Silva, o Palhaço Casquinha – Circo. Benjamim da Silva, que o circo batizou como Palhaço Casquinha, já nasceu no picadeiro, em 1944, descendente de artistas da trupe do Circo Nawellington. Foi logo introduzido às artes circenses, tendo experimentado e aprendido de tudo um pouco, do trap no um ézio à mágica, até escolher a palhaçaria. Fez incursões na música, chegando a integrar o Trio Quentinho Pé de Serra, como sanfoneiro. Em 2024, ele e a multidão de personagens que carrega completam 80 anos de vida, aplausos e risos.
Zenaide Bezerra – Dança. Defensora da cultura popular desde os 8 anos, Zenaide começou a dançar com o pai, Egídio Bezerra. Há 35 anos, fundou, com os irmãos, a Escola Egídio Bezerra, onde ensina aos filhos, netos, bisnetos e sobrinhos os passos do frevo, xaxado, forró, coco de roda e ciranda. Considerada a mais antiga passista de frevo em atividade, Zenaide foi declarada Patrimônio Vivo do Recife em 2022. Professora de dança, segue, a cada passo, movida pelo sonho de ensinar o futuro a ferver nossas mais genuínas tradições, feitas de tempo e rua, luta e alegria.
Conselho Consultivo
Formado por artistas, estudiosos e personalidades da cultura pernambucana, o Conselho Consultivo do Janeiro de Grandes Espetáculos, instituído desde 2019, reafirma sua importância nesta 30ª edição. Assegura que o Festival siga fazendo história e abra caminho para um futuro pautado pelos princípios inegociáveis da equidade de gênero e da representatividade de etnias, religiosidades e regionalidades e convida à celebração de todas as cores, credos e formas de amar e viver a cultura pernambucana.
O 30º Janeiro de Grandes Espetáculos é uma realização da Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco), com apoio da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, e patrocínio do Governo de Pernambuco, via Funcultura, da Copergás e da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).