Premiado musical “Jacksons do Pandeiro” faz temporada de 27 a 30 de junho, no Teatro do Parque
Reconhecida por criar a mistura perfeita entre teatro e música em seus trabalhos, a Barca dos Corações Partidos traz ao Recife o musical ‘Jacksons do Pandeiro’, vencedor do prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro) e indicado como Melhor Espetáculo Virtual pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes). A montagem estreou online na pandemia em 2020, ganhou os palcos dois anos depois e, agora, chega ao Recife com patrocínio master da Petrobras – através do programa Petrobras Cultural – e da Rede.
Celebrando o cantor, compositor e multi-instrumentista paraibano José Gomes Filho (1919-1982), o ‘Rei do Ritmo’, assim reconhecido por suas mais de 400 canções recheadas de gêneros brasileiríssimos, como samba, forró, coco, baião e frevo, ‘Jacksons do Pandeiro’ chega ao Teatro do Parque para sessões de 27 a 30 de junho, sempre às 19h. Os ingressos estão à venda na Sympla por valores a partir de R$ 19,50.
A idealização e produção do projeto é de Andréa Alves, da Sarau Cultura Brasileira, responsável por espetáculos como ‘Elza’, ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, ‘Sísifo’, ‘Macunaíma’ e ‘A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa’. ‘Jacksons do Pandeiro’ tem direção de Duda Maia, texto de Braulio Tavares e Duda Rios e direção musical de Alfredo Del-Penho e Beto Lemos.
O espetáculo não é uma biografia; ela aborda episódios e músicas de Jackson que se relacionam com a vida dos atores em cena. “Optamos por distribuir a ação em brincantes que contam pedaços de suas histórias pessoais, as quais em muitos pontos coincidem com a história de Jackson. Falando de Jackson, falamos desses nordestinos anônimos. Falando deles, falamos do cantor e compositor que levou a vida deles para as rádios e as TVs, em forma de cocos e baiões”, analisa o autor paraibano Braulio Tavares, que assim como seu colega de trabalho pernambucano Duda Rios, tem profunda relação com a cultura nordestina e sua poesia popular.
Ainda sobre a dramaturgia, Tavares explica: “Às vezes, o texto do espetáculo aparece em forma de música, às vezes como uma poesia ou um poema musicado. Cada vez que ele aparece, ele propõe uma nova brincadeira rítmica – mesmo não tendo uma métrica de poesia – por meio de um jogo de palavras ou outro mecanismo. A nossa ideia é fazer isso para dialogar com as músicas do Jackson, que tinham poesia, brincadeira e alegria”.
O universo rítmico do homenageado norteou toda a concepção do musical. A diretora Duda Maia aprofundou sua pesquisa sobre a ideia de ‘corpo-rítmico’ dos atores, ao abordar um compositor cuja obra é marcada pelo suingue, ginga e síncope, aquele tempo musical presente no samba e em outros gêneros, quando o ritmo sai do tempo esperado.
O elenco, formado por Adrén Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Duda Rios e Ricca Barros, divide a cena com artistas convidados: Jef Lyrio, Everton Coroné, Lucas dos Prazeres e Luiza Loroza. Juntos, passaram meses envolvidos em oficinas, pesquisas e em um longo processo de ensaios, quando o texto foi desenvolvido a partir de exercícios e histórias pessoais.
TRILHA SONORA – A construção da trilha sonora partiu de uma minuciosa investigação sobre o vasto repertório de Jackson do Pandeiro. O musical reúne sucessos como ‘Sebastiana’, ‘O Canto da Ema’, ‘Chiclete com Banana’, ‘Cantiga do Sapo’ e outras composições menos conhecidas, que revelam mais da alma brasileira e sincopada do artista. Além dessas canções, o musical traz músicas novas, que transformam a obra do homenageado, ao dar novos arranjos, acrescentar letras e introduzir canções criadas no processo. “É um ‘pedir licença’ à obra dele, mas sem deixar de homenageá-lo com todo respeito, carinho e admiração”, conta Duda Rios.
Assim como nas montagens anteriores da Barca, em ‘Jacksons do Pandeiro’ todos os instrumentos são tocados pelos atores em cena. “Trazemos a forma sincopada do canto para o jogo de cena o tempo todo. Em nosso título, Jacksons aparece no plural porque são várias histórias que se cruzam e se confundem com a de Jackson”, reflete Duda Maia.
A diretora revela ainda que dividiu o palco em dois espaços cenográficos, nos quais os atores brincam com seus diferentes níveis e alturas. Como Jackson era fã de filmes de faroeste, ela concebeu a encenação de algumas canções como pequenos curtas-metragens ou clipes animados, apresentados em um local que remete a uma tela de cinema.
Sobre Jackson do Pandeiro
Natural de Alagoa Grande (PB), José Gomes Filho (1919-1982) iniciou a sua trajetória artística ao acompanhar a mãe em rodas de coco, nos arredores de um engenho. Alfabetizado aos 35 anos, ele migra para o Rio de Janeiro e estreia em disco (1953) com um compacto que trazia dois sucessos que marcariam a sua carreira: ‘Sebastiana’ e ‘Forró em Limoeiro’. Nos anos que seguiram, participou de filmes, festivais e apresentou composições – a maioria com um toque característico de humor – que entrariam para a história da música popular brasileira. Deixou como legado mais de 140 discos recheados dos mais diversos gêneros, como samba, forró, baião, entre outros.
Sobre a Cia Barca dos Corações Partidos
A Barca dos Corações Partidos nasceu em 2012, no espetáculo ‘Gonzagão – A Lenda’. Ao longo desses anos, levou mais de 700 mil espectadores a teatros de todo o Brasil, praças públicas e ao palco digital. Ao lado da produtora artística e idealizadora Andréa Alves, atualmente com um repertório de sete espetáculos, selando cada vez mais uma digital de originalidade na dramaturgia do texto e nas músicas. Em 2014, o espetáculo ‘Gonzagão – A Lenda’ foi convidado especial da abertura do Festival Ibero-americano de Teatro de Bogotá (Colômbia). Composta por cinco atores-bailarinos e multi-instrumentistas, a formação híbrida de seus integrantes dá o tom do grupo. Seus espetáculos são prestigiados por críticos como Mauro Ferreira e Zuza Homem de Mello e já contaram com a participação de criadores como João Falcão, Duda Maia, Luiz Carlos Vasconcellos, Bia Lessa, Chico César e Bráulio Tavares.