Show celebra 90 anos de vida de Claudionor Germano
Carnaval é celebração de vida, é uma ode à alegria. E em 2024, um dos mais legítimos representantes desta “ofegante epidemia” completa 90 anos de vida: o cantor Claudionor Germano. Em homenagem ao maior intérprete de frevo de Pernambuco que dedicou a maior parte destes anos a este ritmo musical, será realizado o espetáculo Claudionor Germano – 90 Carnavais neste sábado (27), às 20h, no Parque Dona Lindu, aberto ao público. Um espetáculo inspirado nas tradições do Carnaval de Pernambuco, tendo como epicentro uma homenagem tocante a este artista que sempre brindou a cultura pernambucana com vitalidade e emoção. Além da música de Claudionor e convidados, o evento busca integrar diversas expressões artísticas como dança e a cultura popular, contando com a participação de renomados artistas como Nonô Germano, Kelly Rosa, Nena Queiroga, Maestro Forró, Spok, Guto Pimenta, Gerlane Lopes, além de blocos Líricos e outras atrações.
O espetáculo
Neste ano, Claudionor será o homenageado do Carnaval do Estado de Pernambuco, sendo mais uma vez aplaudido por sua importante contribuição à nossa cultura, especialmente a popular, forjada sob um dos ritmos mais significativos de nossa identidade cultural. Por isso, no show, será relembrada sua trajetória artística, desde os primórdios na Rádio Clube de Pernambuco até suas colaborações com a Orquestra de Nelson Ferreira.
Dentre os artistas convidados para o projeto Claudionor Germano – 90 Carnavais, nomes como Almir Rouche, André Rio, Ed Carlos, Gustavo Travassos, Maestro Ademir Araújo, Maestro Duda, Maestro Edson Rodrigues, Maestro Forró, Maestro Spok, Nena Queiroga, Nonô Germano, Paulo da Hora, Gerlane Lopes e apresentação e participação de Mônica Feijó. Haverá, ainda, presença de blocos líricos como Com Você no Coração, Boêmios da Boa Vista, Flabelo Encantado e Ricardo Andrade, Sempre Feliz, Verde Linho, Flores do Paulista, Cordas e Retalhos, Bloco da Saudade e muito mais. A concepção artística é de Nonô Germano, a produção geral de Pedro Castro e realização da P Castro Produções.
Claudionor Germano – 90 Carnavais une diversas expressões artísticas. Marcado pela influência do Carnaval, destaca, também, a riqueza cultural da região. De acordo com o produtor geral do show, Pedro Castro, com o objetivo de valorizar o frevo com competência e criatividade, o projeto oferece uma programação dinâmica e acessível para residentes e turistas. “Queremos proporcionar uma imersão na vida e obra do maior intérprete de frevo do Brasil. Uma celebração única que promete enriquecer o entendimento e apreciação da cultura local. A população pernambucana anseia por uma iniciativa que destaque o frevo com a competência, sensibilidade e criatividade que são características distintivas de nossos talentosos artistas. Foi essa aspiração que impulsionou este projeto”, explica.
Sobre Claudionor Germano
Claudionor Germano da Hora nasceu no Recife, em 10 de agosto de 1932, iniciando a sua carreira artística no Rádio Clube de Pernambuco há sessenta anos, em 1947, transferindo-se depois para o Rádio Tamandaré e, finalmente, para o Rádio Jornal do Commercio, onde teve oportunidade de atuar sob a direção do maestro Guerra Peixe.
Durante muitos anos, foi o cantor da Orquestra de Nelson Ferreira e, a partir do carnaval de 1954, passou a integrar o cast da Fábrica de Discos Rozenblit. Sob o selo Mocambo, veio a gravar, em 1959, os discos long plays Capiba – 25 anos de frevo (LP 40039) e Nelson Ferreira – O Que Eu Fiz e Você Gostou (LP 40040), no que foi seguido em 1961 com Carnaval começa com C de Capiba (LP 40053) e O Que Faltou e Você Pediu, de Nelson Ferreira (LP 40054), que vieram consagrá-lo como o mais importante intérprete do frevo-canção de todos os tempos. Gravou ainda Sambas de Capiba (LP 40044), em 1961, com destaque no lado B para A Mesma Rosa Amarela (Capiba e Carlos Pena Filho), um dos sucessos da bossa-nova por ele lançado nacionalmente em março de 1960. Entre 1966-68, participou como finalista das três versões do Festival Internacional da Canção Popular, defendendo Canção do Amor que Não Vem (Capiba), São os do Norte que Vêm (Capiba e Ariano Suassuna) e Por Causa de um Amor (Capiba).
No âmbito do carnaval, além das dezenas de discos em 78 r.p.m. e dos LPs citados, foi responsável pela interpretação das séries Baile da Saudade v. I e II, O Bom do Carnaval e algumas faixas do Capital do Frevo, produzido anualmente pela Mocambo com as músicas inéditas de cada ano. Gravou ainda Dôzinho e seu carnaval, Cirandas (Musicolor K20286 – 1972) e Nelson Ferreira – Meio século de frevo-canção; este último, juntamente com 25 anos de frevo de Capiba, foram reeditados em compact-disc pela Polydisc-Recife em 1993.
Foi uma presença constante em todos os festivais da música carnavalesca, notadamente do Frevança (1979-89) e Recifrevo (1990-95), participando ainda de onze compactos ( 45 r.p.m.) e dois LPs da série O Bom do Carnaval com a gravadora RCA; participando, ainda, das excursões do Vôo do Frevo por duas vezes nos Estados Unidos (Miami e Nova Iorque) e no Japão (Tóquio).
Graças à sua invejável memória, aliada à pronúncia exata e dicção perfeita, bem como a facilidade na mudança de tons e o conhecimento do estilo de cada compositor, Claudionor Germano vem sendo o mais requisitado intérprete do carnaval pernambucano: é ele o intérprete favorito de Capiba, de quem já gravou 132 músicas. Quando do surgimento da Frevioca em 1980, orquestra volante com 28 músicos para animar o carnaval do centro do Recife, Claudionor Germano e o maestro Ademir Araújo foram convidados para participarem daquela volante do frevo, dupla que nela permaneceu durante muitos anos.
Atualmente, Claudionor Germano apresenta no seu currículo a produção de 23 Lps. e oito CD (compact-disc), nos quais são encontradas 132 músicas criadas por Lourenço da Fonseca Barbosa, o nosso Capiba. Ainda sobre Claudionor, vale transcrever parte do depoimento do crítico musical e historiador José Ramos Tinhorão na contracapa do disco O Bom do Carnaval (RCA n º 1070342), gravado em 1981, com orquestra sob a direção do maestro Edson Rodrigues:
“Embora tendo começado pelas tendo começado pelas canções de Vicente Celestino, ainda na escola (“ meu Brasil para aumentar a tua glória…”), embora não podendo deixar de sofrer, já rapaz, a influência fulminante do sestroso carioca Orlando Silva (ao lado de quem chegou a cantar, menino – que emoção! – durante uma festa de homenagem aos pracinhas da FEB), embora pagando o preço da moda, ao iniciar a carreira de profissional no Rádio Club de Pernambuco, em 1949, como crooner do conjunto Ases do Ritmo, foi como cantor de música tipicamente pernambucana que o estilo de Claudionor Germano se firmou. A ponto de, já em 1967, poder surgir diante dos milhares de brasileiros de todas as regiões que se acotovelavam no Estádio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, durante o II Festival Internacional da Canção, como a única voz capaz de emprestar o indispensável toque à vigorosa canção de Capiba, “São os do Norte que vêm”. Atualmente tão identificado com a música de sua região que pode ser considerado o cantor oficial do Recife (quando chega o carnaval é puxador de marchas e frevos, cantando pelas ruas em cima de um caminhão chamado de “frevioca”, além de figura indispensável, à frente das orquestras dos grandes bailes carnavalescos dos clubes Náutico e Português), Claudionor Germano consegue, no entanto, um privilégio de que poucos artistas podem se orgulhar: sem sair de sua terra pode ser ouvido – e suas interpretações neste disco comprovam isso – como uma autêntica voz nacional.”