Teatro RioMar recebe musicais sobre Ney Matogrosso e Silvio Santos em janeiro
Neste janeiro, o Recife será palco para dois grandes musicais nacionais, que farão sua estreia na cidade, celebrando importantes personagens da cultura brasileira. Nos dias 19 e 20, entra em cartaz no Teatro RioMar “Ney Matogrosso – Homem com H”, grandiosa e premiada produção, que festeja o igualmente superlativo cantor e dançarino. No dia 21 de janeiro, subirá ao mesmo palco a comédia musical “Silvio Santos Vem Aí!”, contando e cantando a história do icônico comunicador brasileiro, do camelódromo carioca até o cume do sucesso no SBT.
As duas montagens levam a assinatura da produtora Paris Cultural. Ambas contam com recursos de Libras e Audiodescrição. Os ingressos custam a partir de R$ 25 e estão à venda na plataforma Uhuu e na bilheteria do teatro.
Ney Matogrosso – Homem com H
O espetáculo celebra o cantor camaleônico Ney Matogrosso, vivido no palco por Renan Mattos. Pelo papel, ele venceu o prêmio Destaque Imprensa Digital 2022 e foi indicado ao APCA. Ergueu também o troféu do Prêmio Bibi Ferreira como Melhor Ator em Musicais, premiação que deu ao espetáculo medalha de ouro como Melhor Dramaturgia Original em Musicais. O texto é de Emilio Boechat e Marilia Toledo, que assina também a direção ao lado de Fernanda Chamma, com direção musical de Daniel Rocha.
“Ney Matogrosso – Homem com H” explora momentos e canções marcantes na trajetória do cantor. A história começa em um show do Secos & Molhados, em plena ditadura militar, quando uma pessoa da plateia o xinga de “veado”. Essa cena se funde com momentos da infância e adolescência do artista. E, dessa forma, outros episódios vão se desencadeando no palco, sem seguir necessariamente uma ordem cronológica.
“Ney é um artista único, com uma visão cênica impressionante. Ele cuida de todas as etapas de sua performance. Além da escolha de repertório e banda, pensa no figurino, na iluminação, na direção geral. E, quando está em cena, transforma-se em diferentes personagens. Ele nunca estudou dança e, quando o vemos em cena, parece que nasceu sabendo dançar. Mas ele jamais se coreografa. É sempre um movimento livre”, atesta a diretora e autora Marilia Toledo, que, junto a Emilio Boechat, mergulhou nas três biografias já publicadas sobre Ney Matogrosso, além de consultar inúmeras matérias jornalísticas e vídeos, mantendo ainda estreito contato com o artista durante a concepção do espetáculo. “A discografia de Ney Matogrosso reflete a nossa história. E sua história de vida é extremamente interessante. Ele sempre foi um homem absolutamente autêntico. Experimentou e ousou como nenhum outro artista, enfrentando os militares de peito aberto e nu, literalmente.”
Para o ator Renan Mattos, interpretar fielmente e à altura um personagem tão ímpar e importante da cultura brasileira tem sido, na mesma medida, desafiador e lisonjeiro. “O Ney é um ser camaleônico, tem um lado íntimo reservado, mas ao mesmo tempo é catártico no palco e apresenta um leque de personas a cada música: um ser ‘híbrido’ como definido por muitos, indecifrável. Então eu não me sinto interpretando o Ney, e sim pedindo licença e pegando emprestado tudo aquilo que ele transformou na música e na vida das pessoas, todos os caminhos que ele abriu para pessoas e artistas como eu. E isso é muito significativo.”
O elenco traz ainda Bruno Boer (cover de Ney Matogrosso), Daniela Cury (fã), Enrico Verta (Gérson Conrad), Fábio Lima (Simonal), Giselle Lima (Beíta), Hellen de Castro (Rita Lee), Ivan Parente (Moracy do Val), Ju Romano (Lena), Maria Clara Manesco (Luli), Maurício Reducino (Ensemble), Matheus Paiva (João Ricardo), Murilo Armacollo (Ney jovem), Rafael Aragão (Matto Grosso),Tatiana Toyota (Elvira), Vinícius Loyola (Cazuza) e Yudchi (Vicente Pereira).
O musical também não segue uma cronologia em relação às canções – exceto naqueles momentos em que a dramaturgia precisa ser mais fiel à realidade. As músicas vão sendo encaixadas no contexto de cada cena, e as letras acabam estabelecendo um diálogo interessante com a vida de Ney Matogrosso. Talvez para confirmar a honestidade artística do cantor, talvez para ilustrar sua coragem ousada diante do público, as trocas de figurinos e até de maquiagens são feitas em cena, brincando com as ideias de oculto e explícito todo o tempo. Os figurinos de Michelly X, ao lado da direção musical de Daniel Rocha, são pontos altos do espetáculo.
Além da própria trajetória do homenageado, o musical discute um tema cada vez mais relevante para a realidade brasileira: a liberdade. “Principalmente a liberdade de ser quem se é, a qualquer custo. Ney combateu a ditadura não com palavras, mas com sua atitude cênica, entrando maquiado e praticamente nu no palco e na televisão, na época de maior censura que o país já viveu. As ambiguidades que ele sempre trouxe para o público foram pauta na década de 70 e permanecem em pauta até os dias de hoje”, destaca Marilia Toledo.
Silvio Santos Vem Aí!
Sucesso de crítica e de público, a comédia musical “Silvio Santos Vem Aí!” apresenta o homem por trás do microfone e dos mais copiados trejeitos, contando sua história desde a infância, quando ele era camelô no Rio de Janeiro, até a década de 90, logo após sua consolidação no SBT. Povoam ainda o espetáculo personagens icônicos, como Gugu Liberato, Hebe, Elke Maravilha, Wagner Montes, Bozo e Pedro de Lara. Tudo isso embalado por músicas que marcaram muitas gerações de telespectadores.
“Falar de uma figura tão emblemática da nossa cultura popular, usando a música como fio condutor da história, permitiu uma boa liberdade estética. O Brasil inteiro conhece bem os personagens ligados a ele, além dos ritmos e canções que acompanharam a trajetória do apresentador”, diz a autora, Marilia Toledo, que assina o texto com Emílio Boechat. Direção e coreografias são de Fernanda Chamma e direção musical de Marco França.
A peça levou um ano e meio para ser escrita. “Investimos um bom tempo levantando uma timeline de eventos importantes na vida do Silvio. Depois jogamos esses eventos dentro da estrutura clássica de um musical. Foi quando decidimos contar a história por meio de um devaneio, como em ‘All That Jazz’”, conta Emilio Boechat.
Além do ator Velson D’Souza, que interpreta Silvio Santos, fazem parte do elenco Bruno Boer (Bozo e Alemão), Bruno Kimura (camelô, anestesista, bailarino russo e ministro Quandt), Daniela Cury (Hebe e Rebeca Abravanel), Enrico Verta (velha surda, fiscal da prefeitura, Almeida e Roberto Leal), Giselle Lima (Sônia Lima, Cidinha Abravanel e Gretchen), Hellen de Castro (Íris Abravanel), Ivan Parente (Pedro de Lara) e muitos outros.
Uma curiosidade a respeito do elenco é que o ator que interpreta Silvio Santos, Velson D’Souza, chegou a trabalhar com o comunicador no SBT, além de ter atuado em novelas como ‘Cristal’, ‘Revelação’ e ‘Vende-se um Véu de Noiva’. “Parti da desconstrução. Minha abordagem foi olhar as situações da vida dele com o máximo de verdade, da maneira mais próxima de mim, do que eu vivi e me colocar no lugar dele. Acho que a convivência com ele ajudou bastante, sobretudo para perceber que ele é daquela forma que conhecemos, mesmo quando não está em cena. E trazer um pouco da voz do Silvio, sobretudo do timbre. O grande lance foi não apresentar aquela caricatura do Silvio Santos que todo mundo faz”, explica o ator. “O Silvio Santos é isto: uma persona única, jamais existiu e nem existirá outra similar. Acho que tem que ter esse ineditismo, humor e alegria”, confirma a diretora Fernanda Chamma.
Sobre a Paris Cultural
Criada pelos sócios Marcio Fraccaroli, Sandi Adamiu e Marilia Toledo, a Paris Cultural é uma empresa 100% brasileira, dedicada ao desenvolvimento e produção de espetáculos teatrais, musicais e exposições originais focadas em personalidades e temas nacionais. Com a intenção de valorizar dramaturgos, diretores, compositores e outros artistas brasileiros, a produtora estreou em 2019, justamente com o musical “Silvio Santos Vem Aí!”, que agora desembarca no Recife.